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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A dificuldade em deixar o vício durante a gravidez

Pesquisas mostram que mulheres não abandonam cigarro nem o álcool na gestação.

O mal que o cigarro e a bebida alcoólica fazem ao bebê e a mãe nem sempre é argumento suficiente para as mulheres conseguirem abandonar os vícios durante a gravidez.
Especialistas dizem que a mudança de hábito, por mais que seja desejada pelo sexo feminino, por vezes não é objetivo alcançado durante os nove meses de gestação e nem durante a amamentação.

Um dado recente que reforça a dificuldade em deixar o tabagismo acaba de ser mapeado pela Secretaria Municipal de Saúde da cidade de São Paulo. Levantamento feito com 65 mil grávidas atendidas na rede pública da cidade mostrou que 14,9% delas fumam. A taxa é muito próxima do número total de mulheres que fazem uso de cigarro sem estar gestantes: 16,9%, conforme pesquisa feita pelo Ministério da Saúde na capital paulista divulgada este ano.

Da mesma forma, outros estudos já evidenciaram que o álcool permanece como um parceiro de risco da gravidez. Pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto apontou que 22% das gestantes consomem álcool regular ou esporadicamente. Esse número, concluiu o estudo, é maior do que o de gestantes com depressão.

Segundo Hermann Grinfeld, pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria e estudioso sobre os efeitos do álcool em grávidas, um trabalho feito nos Estados Unidos evidenciou que apenas 12% das mulheres dependentes de álcool e que engravidam reduzem drasticamente a quantidade etílica ingerida. “Gostaria muito de dizer que 80% conseguem, mas os dados indicam minoria mesmo.”

Danos

Estes indicadores são provas de que a postura “vou parar quando engravidar” é um comprometimento arriscado. O pneumologista pediátrico João Paulo Lotufo, do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, acrescenta um outro perigo deste comportamento. Uma parte significativa das gestantes descobre a gravidez após a 5ª ou 6ª semana de gestação. Os cigarros fumados neste período de desconhecimento são suficientes para implicar negativamente no desenvolvimento uterino da criança.

“Há uma relação deste hábito com a má formação pulmonar e dos brônquios do bebê, além de maiores índices de asma e outros problemas respiratórios crônicos depois que a criança cresce”,
diz ele ao completar que também há influência genética no processo.

Hermann Grinfeld afirma que a influência do álcool ingerido pela mãe - mesmo que nas primeiras semanas de gestação – é igualmente nociva. “As principais evidências são de influência na formação do sistema nervoso da criança, com influência em comportamentos futuros, que podem causar tanto problemas cognitivos, como de relações pessoais.”

A força da mulher

Os indícios científicos de que o tabagismo e a ingestão de álcool afetam a formação do bebê não avaliam o impacto psicológico nas mulheres que tentam mas não conseguem largar o cigarro e a bebida alcoólica. Com exceção das dependentes crônicas de álcool e outras drogas – que nestes casos não conseguem discernir na maior parte do tempo que fazem mal a si e a outros – há um sofrimento reconhecido nas mulheres que tentam, não conseguem abandonar os hábitos e ainda têm a convicção de que a prática ameaça a sua família.

Por este motivo, os especialistas afirmam que por mais que faltam instrumentos para avaliar os efeitos das medicações contra fumo e álcool na grávida e no bebê, este tratamento sempre é preferível do que o nenhum. A condição é que deve ser acompanhado por um médico de confiança.

Para as mulheres que fumam e bebem, a orientação é repensar estes hábitos quando aparece a vontade de engravidar. Para as que fizeram o teste e o resultado foi positivo, algumas dicas são:

- procure ajuda especializada e personalizada. Para as grávidas, é sempre bom contar com este apoio, além da vontade própria;

- o ideal é sempre parar bruscamente com o fumo e álcool. Se você é usuária crônica, defina um plano com o seu médico;

- Cuidado com as “receitas caseiras”. A mistura de ervas e outros produtos que dizem ser “boa para alguma coisapodem prejudicar o bebê.

Fonte: IG

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