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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Em 72%, a intervenção breve diminui risco para dependência de álcool, aponta pesquisa da Unifesp

O processo de intervenção exige muito pouco recurso para ser desenvolvido e pode indicar precocemente a propensão ao uso abusivo de álcool e outras drogas.


Estudo inédito desenvolvido pela Unidade de Dependência de Drogas (UDED), setor ligado ao Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostra que a Intervenção Breve (IB) foi capaz de diminuir os problemas associados ao uso de risco de álcool em 72% dos casos. Essa redução foi, no mínimo, duas vezes maior, se comparada à observada nos pacientes que responderam apenas ao questionário de triagem e receberam a devolutiva simples (33,8%).

Foram avaliadas 4.335 pacientes, dos quais 208 foram considerados usuários em nível de risco para a saúde, em álcool. Eles foram atendidos em Unidades Básicas de Saúde (UBS), nos Programas de Saúde da Família (PSF), assim como nos Centros de Tratamento de DST/ AIDS da Unifesp e do Governo de São Paulo. Os funcionários que aplicam a técnica foram treinados para utilizar o ASSIST (questionário de triagem de álcool, tabaco e outras substâncias, desenvolvido por pesquisadores da Organização Mundial da Saúde - OMS) que classifica o nível de risco do uso de álcool e outras drogas, seguido pela Intervenção Breve para os casos de uso abusivo.

A Intervenção Breve é uma técnica de tratamento em curto prazo, ou seja, de orientação breve e focal, dirigida para as pessoas que fazem uso nocivo de álcool e outras drogas, em níveis que podem causar riscos à saúde ou à vida social, mas que ainda não desenvolveram dependência. Aplicada por profissionais capacitados que atuam nas UBS e PFS, a intervenção trabalha a auto-estima do paciente e, paralelamente, utiliza estratégias que auxilia no desenvolvimento de suas próprias estratégias para atingir a abstinência total ou moderada da droga. “Mostramos ao paciente a necessidade de se cuidar agora antes que ele se torne dependente e, para isso, no primeiro atendimento é firmado um compromisso para que ele compareça em uma próxima entrevista (o seguimento), na qual se reaplica o instrumento de triagem (ASSIST) para que possa medir o resultado da Intervenção”, afirma Vânia Vianna, psicóloga e pesquisadora da UDED.

De acordo com a especialista, a técnica ainda tem outras vantagens como rapidez na aplicação da intervenção, que dura em média de 30 a 40 minutos, facilidade de ser aplicada por qualquer profissional da área da saúde (desde que treinado adequadamente), além de não utilizar, em nenhum momento, medicação farmacológica durante o tratamento.

Os resultados confirmam que uma única sessão de Intervenção Breve, dirigida aos usuários de risco, é efetiva na redução do consumo e dos problemas associados ao uso de álcool. “Os resultados das pesquisas comprovam que a IB é barata, efetiva e demanda pouco recurso para ser desenvolvida”, afirma a Dra Maria Lucia Souza Formigoni, docente do Departamento de Psicobiologia da Unifesp e pesquisadora principal do estudo.

A pesquisa faz parte de um estudo multicêntrico, envolvendo pesquisadores de outros estados brasileiros (Pará e Minas Gerais) dos EUA, Austrália e Índia, com apoio da OMS. Com base no sucesso das primeiras fases do projeto, a SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas) patrocinou os cursos de extensão da Unifesp, realizados por cursos de Educação à Distância, que foram coordenados pelas professoras Maria Lúcia Formigoni, Denise de Micheli (Departamento de Psicobiologia) e Monica Parente Ramos (Departamento de Informática em Saúde).

Os cursos foram dirigidos aos profissionais de saúde (curso SUPERA) e lideranças religiosas (curso Fé na Prevenção) e de movimentos afins (AA, NA e comunidades terapêuticas) para capacitá-los nos procedimentos de triagem, utilizando instrumentos padronizados e associados à Intervenção Breve. Mais de 12 mil profissionais de saúde e quatro mil lideranças religiosas, incluindo pessoas de todos os estados brasileiros, já foram capacitadas por estes cursos. Desta forma, firma-se a ligação indissociável entre assistência, pesquisa e ensino.

Fonte: ABEAD

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