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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pastoral da Sobriedade - 3º Passo: ENTREGAR - Temos tempo para ensinar nossos filhos a rezar?


Vivenciando este passo venho aqui propor uma questão já de início, que acredito ser muito importante: O que tem nos levado a acompanhar os doze passos da sobriedade? É só mais uma tentativa desesperada como tantas outras de mudar uma situação, ou realmente acreditamos que esse Programa de Vida Nova faz sentido para a nossa caminhada? Somente os humildes, aqueles que abrem o coração, serão capazes de aceitar como condição de entrega, este Novo Projeto. Esta é uma proposta não só para os dependentes químicos, mas para aqueles que desejam encontrar uma maneira de sair da angústia em que vive.

Um novo projeto requer antes de tudo, transformar o que já não satisfaz. Se estivermos nesse contexto, se vivemos um sofrer que não faz sentido, este é o momento de embarcar nesse projeto. Assim, nos dispomos ao 1º passo, admitir, quando reconhecemos que chegou a hora de mudar, quando reconhecemos que para mudar, era preciso se lançar num desafio ainda não experimentado, que foi entender que a ação precisa começar por nós mesmos, afinal, não estamos vivenciando isso por ninguém, senão por nós. E admitindo nossas falhas nesse percurso, consideramos os erros cometidos e um novo pesar nos rodeou, pois, quando nos caiu a ficha, ficou claro que em muitos momentos fomos fúteis, volúveis, supérfluos, atribuímos falsos valores a coisas e pessoas, julgamos o que não nos era permitido e condenamos o que não nos cabia.

O Passo Admitir, ao mesmo tempo em que nos deu a alegria de transformar a nossa vida, veio também derrubar grande parte do que fomos. Nossas idéias e pensamentos começam a passar por uma avaliação em nossa cabeça. O que é certo? O que é errado? O que tem de valor dentro de mim? Essas perguntas começam a nos entristecer porque somos convidados a conhecer a Verdade e as nossas máscaras vão caindo, e sem que as pessoas percebam, vamos nos avaliando em silêncio, e vamos nos dando conta de que a mudança requererá muito mais de nós do havíamos imaginado.

Quando bastante inquietos, foi chegada a hora de vivenciarmos o passo confiar, pois não somos suficientes para tantos questionamentos e não devemos ser arrogantes à ponto de acreditar que sozinhos vamos conseguir passar por tanta tormenta. E volto a repetir: Somente os humildes, aqueles que abrem o coração, serão capazes de aceitar como condição de entrega, este Novo Projeto. A maioria das pessoas nos chegam a busca de uma solução para o vício do outro e é convidado a olhar também para si. Na verdade, o consumo de substâncias psicoativas nada mais é do que uma das possíveis consequências negativas de uma vida mal estruturada, que não aprendeu a lidar com situações, sentimentos e desafios.

Nós, dependentes, familiares, e todos aqueles que nos acompanham, estamos desejosos de mudança, e essa mudança requer um fundamento concreto, uma base segura, onde possamos nos agarrar quando vêm as piores situações. A evangelização vem saciar nossas inquietações e responder com precisão os anseios que percorrem nossa intimidade E precisamos estar predispostos a essa adaptação. Isso é composto de novos hábitos, como por exemplo, nos entregarmos à oração, mas uma oração verdadeira, de cochicho ao pé do ouvido, uma oração que se deixe perder nas horas, só a gente e Deus.
Jesus nos revela a vontade do Pai e quer instaurar Seu Reino em nossa vida. Contudo aqueles que não reconhecem o seu erro, que negam a sua participação na vida de um dependente, que não aceitam a sua dependência como um mal que precisa ser eliminado, que contribui em todo esse mal estar com a sua omissão, termina ignorando também o quanto precisam mudar. Somente os desfavorecidos e os humildes é que conseguem se entregar e entender o sentido do Projeto de mudança de vida que Jesus nos propõe e levar adiante essa missão. “Assim como meu Pai entregou tudo a mim, eu entrego a vocês”.

O Evangelho de Mt 11, 25-30 revela a ternura com a qual Jesus acolhe os pequenos. Quando se reporta aos pobres é porque não havia leis que os defendessem. Viviam como escravos, e ninguém era por eles, até que Jesus vem e promete-lhes descanso e paz. Jesus vem consolar aqueles que não tem voz, nem vez. “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso.” Muitas vezes, essas colocações são usadas para que as pessoas se tornem submissas, passivas, mas isso não faz sentido. Muito pelo contrário. Essas palavras devem nos trazer forças para continuarmos a caminhada. Deus se revela para nós e através do Seu Filho se faz presente. E ainda que nos sintamos sábios e instruídos, chegará uma hora em estaremos demasiadamente cansados de carregar tamanho fardo. Se não formos humildes em reconhecer que precisamos de alento e de consolo, jamais seremos consolados. É preciso tirar muitas máscaras para compreender o Jesus quer nos dizer. O que importa não é o que fazemos por Deus, mas o que Deus, em seu grande amor realiza por nós.  
No primeiro versículo Jesus louva ao Senhor, agradecendo a sua sabedoria em acolher os pequeninos e humildes de coração, porque estes estão a buscar conforto para o seu sofrimento. Sim, aquele que é excluído, que vive à margem da sociedade por não ter uma vida digna, por viver se arrastando e se vendendo em nome de um vício, escondido pelos becos e ameaçado por outras pessoas que se valem da sua vida miserável. Jesus louva ao Senhor pela oportunidade que Ele está lhes dando, pois são estes os mais necessitados.

E então Deus se revela como salvação, se mostra pronto a acolher e faz com que O encontremos através de Seu Filho, porque assim é do Seu agrado, porque assim nos tornaremos livres destes males. Agrada a Deus vivermos em harmonia, agrada a Deus a dedicação à família, agrada a Deus a caridade, a tolerância, a paciência, a coerência e a igualdade. Mas onde estão estas palavras em nossa vida?  Estamos tão distantes daquilo que é do Seu agrado. Nos dias de hoje, o que importa é que tenhamos conforto material, que os jovens acompanhem a moda. Estamos dando importância a futilidades até nas marcas de alimentos. Se é mais caro, então é porque é melhor.

Estamos sempre indo e vindo de algum lugar, já pensando no dia de amanhã. Nossos pensamentos, na maioria das vezes, nunca estão naquilo em que a gente está fazendo, mas no que ainda temos por fazer. Estamos sempre ou com muita pressa ou atrasados para alguma coisa. Será que temos tempo para dedicarmo-nos aos nossos filhos? Temos ensinado nossos filhos a rezar? Ou vocês acham que descerão anjos para fazer isso? Acaso o que vocês acham que são aqui na terra para os seus filhos? Os nossos filhos foram entregues a nós para que pudéssemos cuidar deles. E de que forma estamos cuidando? Devemos zelar por este filho, devemos encaminhá-lo na educação, mas primeiro precisamos falar da importância da educação. Devemos levá-lo à Igreja, mas primeiro precisamos lhe falar da importância de se encontrar com Deus, de conhecê-Lo, de lhe falar de amor e da prática do amor. Quando Jesus afirma que ninguém vai ao Pai, senão por Ele é porque Ele veio para nos ajudar a compreender este mistério. Jesus veio reafirmar o amor que Deus tem por nós e que somos esperados por Ele. Deus nos aguarda nas orações.

Uma coisa que o ser humano tem que entender e aprender para ser feliz, pleno e completo é que Deus nos fez para nos completarmos Nele e nenhum ser humano será completo sem Ele. Podemos até ser bem sucedidos, mas se não abrirmos o coração, se não esvaziarmos nosso entendimento e compreender o valor da participação de Deus na nossa vida, não seremos completos. Quando o homem se volta para Deus, Deus se volta para o homem e o protege, o faz nova criatura.

É nessa renovação que poderemos entregar nossas angústias, nossas fragilidades, nosso pesar. Não é fácil vivero dia-a-dia sem nos deixarmos levar pelas tentações que o mundo nos oferecem. Daí depois temos que trabalhar para alimentar esses maus hábitos. Nos tornamos escravos de nós mesmos e pagamos um preço alto. Terminamos por abrir mão de importantes valores porque não temos tempo mais para nada, nem para nos dedicarmos à família que sempre abrimos a boca para dizer que é o que mais importa na nossa vida. Já ouvi falas que diz assim: “Eu me mato pra dar uma vida melhor do a que eu tinha”. Mas não é preciso se matar pra dar amor.

O momento mais importante deste passo é estar prontos ao entendimento de que a proposta de seguir a Jesus está lançada. Ele está de braços abertos para recebermos. A entrega só acontecerá quando nos fizermos humildes e na nossa humildade reconhecermos que somos fáceis de corromper e caímos facilmente no deslise da ambição. Então precisamos fazer dessa entrega uma interpretação constante.

Fonte: Diocese de Blumenau

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