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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Crack devora 8,6% dos jovens brasileiros

O cenário epidemiológico do crack no Brasil, segundo o Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), aponta que 8,6% dos jovens de 9 a 18 anos consomem essa droga. Esse é um alerta para pais, educadores e formadores de opinião em geral. Por isso, o 4º Desafio de Redação do Diário, que começa na próxima quarta-feira, vem com tema tão espinhoso: Crack, Tô Fora!. Correalização da USCS e DAE de São Caetano, com apoio da Ecovias, a proposta é levar para a sala de aula e no seio familiar discussão sobre o assunto, numa forma de conscientizar os estudantes aos malefícios da dependência química.

O uso disseminado do crack no mundo das drogas está relacionado a vários fatores que levam a grave transformação, tanto na oferta quanto na procura. De um lado, o controle mundial repressivo sobre os insumos químicos necessários a sua produção - como éter e acetona - faz os produtores a baratear cada vez mais sua fabricação, com a utilização indiscriminada de outros ingredientes altamente impuros. Quanto mais barata sua produção, mais rentável é sua venda. O crack representa para a população usuária de drogas um tipo de cocaína acessível, pois vendido em pequenas unidades baratas, oferece efeitos rápidos e intensos. Entretanto, a desejada intoxicação cocaína proporcionada pelo crack provoca efeitos de pouca duração, o que leva o usuário a fumar imediatamente outra pedra. Esse ciclo ininterrupto de uso potencializa os prejuízos à saúde física, as possibilidades de dependência e os danos sociais. A inovação no mercado das drogas com a entrada do crack atraiu pequenos traficantes, agravou ainda mais a situação, com o aumento incontrolável de produções caseiras.

Como todo uso de drogas está associado a fatores biopsicossociais, o consumo de crack não é diferente. A pedra vendida geralmente por R$ 5 é derivada das sobras do refino da cocaína. Nenhuma outra substância ilícita tem semelhante poder de dependência. Os danos dela são tão graves que produzem a impressão de que o número de usuários é bem maior.

CONSULTÓRIO DE RUA
Os consumidores são expostos a riscos sociais e a diversas formas de violência. Geralmente, quando os efeitos da droga diminuem no organismo, o dependente sente sintomas de depressão e tem sensação de perseguição. Outros sinais comuns são desnutrição, rachadura nos lábios, sangramento na gengiva e corrosão dos dentes; tosse, lesões respiratórias e maior risco para contrair o vírus HIV e hepatites.

Além de problemas físicos, há os de ordem psicológica, social e legal. Ocorrem graves perdas nos vínculos familiares, nos espaços relacionais, nos estudos e no trabalho, bem como a troca de sexo por drogas e, ainda, podendo chegar à realização de delitos para a aquisição da droga. Há controvérsia se tais condutas socialmente desaprovadas têm relação com o estado de fissura para usar ou se resulta da própria intoxicação. A unanimidade é que o usuário desemboca numa grave e complexa exclusão social.

Como geralmente o viciado não costuma procurar os serviços de Saúde e, por viverem situações de extrema vulnerabilidade, tornam-se facilmente vítimas da dependência e de outros problemas de saúde, começam a ser instalados em vários municípios do Brasil, com recursos federais, os consultórios de rua, que funcionam com equipes multiprofissionais, formadas por integrantes da Saúde Mental, Atenção Básica e Assistência Social. Estas equipes fazem a primeira abordagem para falar com as pessoas e oferecer ações de promoção, prevenção e cuidados básicos em saúde, para mais tarde facilitar o acesso a outros serviços de saúde. "A característica mais importante desta intervenção é oferecer cuidados no próprio espaço da rua, preservando o respeito ao contexto sócio-cultural da população", explica o coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado.

KIT BÁSICO
A proposta tem também como eixo a promoção de direitos humanos e a inclusão social, além de enfrentar o estigma e ampliar as estratégias de redução de danos. "A equipe chega com um veículo e faz o primeiro contato para oferecer cuidados básicos. Para cada um é oferecido um kit que pode ser composto por folhetos informativos, camisinhas, protetor labial para quem tem feridas na boca (devido ao uso do crack). Também podem ser feitos testes rápidos de HIV", explica Pedro Gabriel.

Estabelecido o vínculo, o Consultório de Rua pode encaminhar as pessoas para uma equipe de Saúde da Família, ou a depender do caso, para o Caps (Centro de Atenção Psicossocial) ou Caps-AD (Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas), para que ele receba o apoio. Para dar suporte ao familiar e ao usuário da droga, o Ministério da Saúde também criou o Disque Saúde (0800- 611997) para informações sobre o crack e orientações para tratamento dos usuários pelo SUS.
Fonte: ANTIDROGA

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