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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Crack também avança sobre as mulheres

Consumo de álcool na adolescência e namoro com usuário da droga são caminhos para o sexo feminino entrar no vício.

Ainda não há estatísticas, mas o crack encontrou mais um “nicho” de mercado, as mulheres. A droga, que chega à corrente sanguínea em no máximo 15 segundos, conquistou o grupo feminino e nela já provoca seus estragos. A afirmação é do delegado responsável pela Divisão de Prevenção e Educação (Dipe) da Polícia Civil, Reinaldo Correia.

“Os jovens do sexo masculino praticam furtos para comprar droga. As mulheres se prostituem. Ao vender o corpo, elas provocam outro problema, porque inicialmente exigem preservativos, mas depois abandonam a ideia. Sem eles, as mulheres se tornam vulneráveis às doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez indesejada”, explica.

No Rio Grande do Sul, há cerca de 60 crianças, “filhos do crack”, com problemas neurológicos sérios. “Nem os cientistas conseguem detectar quais os efeitos do crack no cérebro. Sabemos que ele sobrecarrega o aparelho respiratório e cardiovascular e propicia a ocorrência de AVC”, comenta Correia.

A porta de entrada das drogas no mundo feminino mais evidente é o álcool, segundo o professor da Dipe, Alexandre Avilez, que encerrou na última sexta-feira a Semana de Prevenção às Drogas de Agudos (13 quilômetros de Bauru).

“As meninas de 16 a 18 anos estão consumindo álcool. Com a desestruturação moral que o álcool traz, elas começam a vida sexual precocemente. As frustrações provocadas pela combinação sexo e álcool provoca uma corrida a drogas mais pesadas”, afirma.

Outra porta fácil para o crack na vida das mulheres ocorre quando a adolescente se envolve com um jovem usuário. “Quando ela começa a namorar um usuário, sofre pressão. Para não perder o namorado, ela se vê obrigada a usar droga como ele, para manter o namoro”, diz.

Para poder escolher uma vida mais saudável, o jovem precisa ter acesso às informações relacionadas aos efeitos do uso da droga. Mas quem já a experimentou dificilmente vai abandoná-la, opina o delegado da Dipe. “Os usuários, cujo número é crescente, adquiriram uma doença crônica. E o crack é uma droga barata, que provoca euforia, dá a satisfação que ele procura, mas o preço é alto”, avisa Correia.

Na opinião do professor Avilez, quem já experimentou o crack precisa de muita força de vontade para abandonar o vício. “Há formas de abandonar o vício. Acredito que, com acompanhamento profissional e apoio familiar, o usuário consiga, mas é preciso que ele queira”, enfatiza.

Ao fumar crack, o usuário se sente satisfeito e se desinteressa pela vida. Deixa de se cuidar, comenta o delegado. “Em duas ou três semanas emagrece até 10 quilos, usa a mesma roupa, se torna agressivo e passa a subtrair objetos até dentro de casa”, afirma.

Fonte: JC Net/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

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