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sábado, 31 de julho de 2010

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Estudo associa cigarro e substância de bebida energética a problema de coração

O estudo foi feito só em ratos, mas serve de alerta para os humanos que costumam unir bebidas energéticas e cigarro, uma mistura muito comum em baladas. Uma pesquisa feita na Unesp (Universidade Estadual Paulista) indica que um aminoácido chamado taurina, presente nos energéticos, em associação ao tabagismo prejudica a saúde do coração.

Sozinha, a taurina, que também é encontrada em alimentos de origem animal como carne bovina e de aves, peixes e mariscos, é um componente importante para o corpo.

O aminoácido, presente em grande quantidade no leite materno, tem função, por exemplo, no desenvolvimento cerebral do bebê. O composto também age no combate ao colesterol, regula funções do coração e estimula o cérebro.

O problema parece estar na associação entre o aminoácido e o cigarro. Na pesquisa, a nutricionista Fabiana Gouveia Denipote expôs ratos ao cigarro durante dois meses e também deu taurina diluída em água para os animais, que passaram por exames como o ecocardiograma enquanto estavam vivos.

Depois que os ratos foram sacrificados, a pesquisadora analisou a estrutura do coração deles e indicou que os animais ficaram com problemas no processo de diástole (quando o músculo cardíaco relaxa e o órgão se enche de sangue).

De acordo com Fabiana, o motivo provável dessa falha cardíaca é a interferência da taurina sobre uma proteína que leva o cálcio para o coração – essa substância é fundamental para o funcionamento do órgão, já que tem influência sobre a geração e modulação da atividade elétrica e também sobre o sistema de contração que permite o bombeamento de sangue para a circulação. Essa alteração poderia levar à insuficiência cardíaca.

Outra mudança notada foi a diminuição da utilização de gordura para a produção de energia do órgão e o aumento no uso de glicose (açúcar) no processo. Isso pode indicar uma redução na energia disponível para o funcionamento do coração.

A pesquisadora diz que são necessários mais estudos para concluir como a ligação entre a taurina e o tabagismo afeta o coração humano, mas que o estudo já serve de alerta para a população em geral. Ela ressalta também que na pesquisa foi usado o aminoácido puro (1,5 por dia) diluído em água, e não bebidas energéticas.

– É possível sugerir que isso aconteça em humanos também. Vale ficar de alerta porque isso pode acontecer com os homens também.

Fonte: R7 Notícias

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mais um Grupo de Auto Ajuda da Pastoral da Sobriedade

Nos dias 24 e 25 de Julho, aconteceu a solenidade de abertura de mais um grupo de Auto Ajuda da Pastoral da Sobriedade, agora na cidade de Cascavel, na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição...

Sábado 24: Missa de Abertura



















Domindo 25: Mesa Redonda









Estiveram presente na solenidade a equipe da Arquidiocese de Fortaleza...

Mais fotos do evento:













Agradecimentos:

* Pe. Moacir - Pároco da Paróquia
* Irmã Bernadeth - Agente da Pastoral pioneira na cidade com esse programa.

E a todos que fizeram presentes nesses dois dias e agora fazem parte de mais um grupo de auto ajuda da Pastoral da Sobriedade...

"Sobriedade e Paz, só por hoje graças a Deus"...

Festa do Santuário Nossa Senhora da Assunção - Vila Velha

“Caminhando com Maria: fica conosco, Senhor”

Agosto, para nós, católicos que nascemos ou estamos em Fortaleza, é aguardado com a ansiedade típica de quem espera alguém querido: a mãe, por exemplo. É assim que contamos os dias para celebrar a Assunção de Nossa Senhora.

Desde 2003, a Igreja de Fortaleza, acatando a sugestão do então Papa João Paulo II, realiza a Caminhada com Maria. Literalmente Maria vai conosco seguida de perto pelo olhar de milhares de filhos e filhas que aproveitam O trajeto – Santuário Nossa Senhora da Assunção à Catedral Metropolitana – para rezar, agradecer sua intercessão de mãe o ano inteiro, pedir, cantar, enfim, celebrar.

Caminhar é uma ação rica em significado para nós, cristãos. O povo de Deus caminhou por décadas pelo deserto, guiados por Javé, em busca de sua libertação do Egito. Maria já estava presente nas profecias de então. Caminho era o nome das primeiras comunidades cristãs, que Maria tão bem acompanhou, permanecendo fiel à Igreja nascente.

Foi caminhando que os discípulos reconheceram Jesus ressuscitado. Foi caminhando apressadamente, correndo, quiçá, que Maria Madalena anunciou a Pedro que Jesus já não estava no túmulo. Caminhar é, portanto, mover-se! Quem caminha quer chegar a algum lugar. Quem caminha com Maria sabe aonde quer chegar. Quer chegar a Jesus Cristo, a Deus.

É isso que Maria quer nos proporcionar: um encontro com Jesus Cristo. Como mãe amorosa quer que sigamos com ela o melhor caminho. Estará conosco nos momentos de tropeços, quando a dor própria de quem caminha for aguda, tal qual fez com Jesus ao acompanhá-lo na via-sacra. Não nos perderá de vista... Que Maria nos ensine a caminhar, sempre!

Maria, mãe das comunidades, fortalece a caminhada da Paróquia N. Sra. da Assunção e acolhe a todos que visitam o seu Santuário!

O Santuário Nossa Senhora da Assunção, no bairro Vila Velha realizará de 4 a 15 de agosto a festa de sua padroeira.

Na programação litúrgica, a missa da abertura da festa, dos dois sábados e do domingo, será celebrada às 17 horas; nos outros dias, às 19 horas. Para cada noite haverá um tema para reflexão que será pregada por um padre convidado pelo pároco para presidir a celebração.

Dia 4, Padres Sales e José Maria. Tema: “Maria, mãe das comunidades”.

Dia 5, Pe. Virgínio. Tema: “Comunidade unida: alicerce da Igreja”.

Dia 6, Pe Glailson. Tema: “Per crucem, ad lucem! Pela Cruz chegaremos à luz!”.

Dia 7, Pe. Almir. Tema: “Fé, força que nos encoraja para o serviço missionário”.

Dia 8, Pe. Fantico. Tema: “Com Maria, sejamos vigilantes à Palavra de Deus”.Neste, a partir das 8 horas, acontecerá uma moto-romaria, saindo da Catedral Metropolitana de Fortaleza até o Santuário Nossa Senhora da Assunção.

Dia 9, Pe. Fernando. Tema: “Com Maria, fiquemos atentos ao cumprimento das leis e aos ensinamentos de Jesus”.

Dia 10, Pe. Ivan. Tema: “Missão da Comunidade: servir a Cristo no irmão”.

Dia 11, Pe. José Luís. Tema: “A Comunidade unida fala e pensa através da Palavra de Deus”.

Dia 12, Pe. Francileudo. Tema: “Na Comunidade vivenciamos a misericórdia e o perdão”.

Dia 13, Pe. Orsini. Tema “Ser fiel ao projeto de Deus é fazer brotar o cumprimento de fé e vida”.
Dia 14, Pe. Sales e Pe. José Maria. Tema “Com Maria celebramos a vida em comunidade”. Neste dia, às 16 horas, haverá uma procissão pelas ruas da paróquia, saindo da Praça do Polar.

No dia 15, Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, as missas no Santuário serão celebradas nos seguintes horários:6h, Pe. José Maria; 8h, Dom José Antonio, arcebispo de Fortaleza; 10h, Dom José Luiz, bispo auxiliar; 12h, padres Sales e José Maria.Às 14 horas, sairá Santuário a 8ª Caminhada Com Maria.

Informações no Santuário pelo telefone (85) 3228 5831.

Fonte: Pascom da Arquidiocese de Fortaleza

quarta-feira, 28 de julho de 2010

terça-feira, 27 de julho de 2010

Remédio para déficit de atenção ajuda no tratamento contra vício em cocaína

Ingrediente ativo da Ritalina faz dependente controlar impulsos.

Um ingrediente ativo da Ritalina, medicamento usado para controlar os sintomas da síndrome do déficit de atenção, pode ajudar a manter o controle em viciados em cocaína, segundo estudo da Universidade Yale, nos Estados Unidos.

O professor de psiquiatria Chiang-shan Ray Li ofereceu um ingrediente ativo da Ritalina, o metilfenidato, para voluntários viciados em cocaína e pediram para que os participantes fizessem um teste no computador que media seu controle sobre impulsos.

Eles eram orientados a apertar rapidamente o botão ao aparecer a palavra “vai” na tela. Mas durante o ensaio, de forma aleatória, o “vai” era rapidamente substituído por um “pare”, indicando que eles deveriam resistir ao impulso do outro botão.

Os participantes do estudo que receberam o metilfenidato foram mais capazes de resistir a pressionar o botão do que os participantes que receberam um placebo.

- A principal conclusão deste trabalho é que o metilfenidato melhora o controle inibitório em pacientes dependentes de cocaína.

O estudo sugere que o ingrediente ativo da Ritalina deve ser investigado como um tratamento para dependências químicas, que estão relacionados com problemas de autocontrole.

Fonte: R7/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Droga na minha casa. E agora?

O problema desembarcou em casa e é hora de encará-lo. Nenhuma família está imune à desejável visita. A receita é surrada, mas funciona: a conversa segue como o bom remédio de prevenção.

Ter um familiar com envolvimento em álcool ou outro tipo de droga requer investigação. É preciso saber como teve início o problema, analisar os fatores, estudar a situação. É isso o que fazem os centros de recuperação ao receber os pacientes. A família deve entender que o cerne do tema é administrar relações. Mesmo com pais separados, com dificuldades no lar. Conversar, demonstrar carinho, confiança. Receitas antigas, simples, que, se seguidas, ajudam a não deixar brechas para que o filho encontre conforto em entorpecentes.

Paula Cortez trabalha na recuperação de mulheres dependentes do álcool ou de outra droga há 12 anos. Voluntária, missionária, lidera os trabalhos na Fazenda da Esperança, no Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU). Sempre que chega uma para tratamento, ela pede conversa com a família - pais e filhos. “A base é sempre a família. Os pais, mesmo que sejam separados, têm de mostrar que têm amor. A maioria das mulheres que se envolveram com drogas era uma criança isolada, muda, quieta demais. Ou, ao contrário, que sempre respondia demais ao pai”, lista.

Também há as dependentes que sofreram abuso sexual ou outro tipo de violência. Em geral a causa é algum sofrimento. E o escape, algo que tire da dor. Ela adverte: os pais precisam conhecer os amigos do filho e o relacionamento dele na escola. “Os traficantes querem clientes e o crack está avançando. Se os pais não cuidarem, vão perder seus filhos para o crack”, expõe Paula. E não existe classe social específica. Da A à E, todos estão vulneráveis.

Ademir Lopes Júnior, médico de família e comunidade, lembra que, em muitos casos, o uso da droga tem seu estopim na adolescência. “O adolescente procura imitar os adultos ou, então, desafiar os adultos. E o álcool é uma droga permitida no dia a dia, é socialmente aceita. Os pais têm de se preocupar com essa questão”, observa ele, que é membro da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

Responsável pelo Instituto Volta Vida, o farmacêutico Osmar Diógenes atua há um bom tempo no renascimento das esperanças. De pacientes e famílias. “O maior problema hoje é o crack. O tratamento é dificílimo e tentar se tratar só em casa é quase impossível”, alerta. Porque as famílias também têm de ser cuidadas, ouvidas, recuperadas. “Se não se trata a família, ela atrapalha, prejudica”, atesta ele. Declaração semelhante deu Paula Cortez, da Fazenda da Esperança: “Se a família não estiver preparada, estraga tudo, atrapalha tudo”.

Lado espíritual

O suporte espiritual também conta. Os especialistas atentam que acreditar em um ser superior dá mais ânimo durante e após o tratamento. “A dependência é uma doença química, psíquica e espiritual. E falo do lado espiritual, não religioso. É o que a gente sempre diz a eles: ‘Vá para a sua igreja, peça energia ao seu ser superior’”, tece Osmar Diógenes. Se a religião ajuda? “Eles se tornam mais humildes, mais tementes, têm mais força”. (Daniela Nogueira)

Fonte: Jornal o Povo - Matéria 1/6.

Quando a droga invade a família

É a esperança que move pais, mães, filhos a buscar ajuda ao familiar que se envolveu com álcool ou outro tipo de droga. É a esperança que paga os profissionais que deixam suas casas para tratar do problema dos outros e cuidar dos familiares que sofrem junto. O certo é que é preciso tratar dependente e família, de forma integrada.

É porque se sente impotente que a mãe vai pedir ajuda. Acabaram suas forças de tentar, sozinha, ‘limpar’ o filho. Parte, então, para a busca do socorro de um profissional. É hora de encontrar um tratamento que cure a dependência química. E, junto com esse pedido de socorro, vai toda uma carga de esperança contra a droga, a favor da vida. Mas, para o filho ser cuidado, a família também precisa ser tratada. Quando não, atrapalha todo o processo, constatam os especialistas. Estraga tudo.

É preciso pensar na criação que foi dada. Na hora da descoberta – “meu filho está usando drogas” –, os pais se questionam – “onde foi que eu errei?”. E, em muitos casos, não encontram logo a resposta. Ou não procuram direito. Como o pai que chegou a uma clínica duas semanas atrás, implorando abrigo para o filho. Não sabia onde estava a culpa, não sabia se havia errado. Afinal, sempre se considerou amigo do filho, sempre saía com ele para tomar uma cervejinha, sempre dividiram a mesma mesa no bar. E o pai não sabia como o filho havia se tornado um alcoólatra, ele não sabia se havia errado.

Para Osmar Diógenes, farmacêutico bioquímico e psicólogo especialista em dependência química, essa mania que (principalmente) os homens têm de colecionar garrafas e garrafas de bebidas e montar um bar em casa tem pesada influência para despertar o vício nos filhos. As consequências podem ser mais trágicas do que impressionar o vizinho com a sua coleção de álcool. “Um pai ter um bar dentro de casa? Para quê? Para mostrar aos outros? Isso é brega, é cafona”, reprova. É uma forma de acesso direto ao álcool. É o exemplo que vem de cima, vem do pai.

Osmar calcula que, pelo menos, seis pessoas tenham suas vidas remexidas quando um familiar próximo está na fase da dependência química – seja o alcoólatra de fim de semana, seja o adicto submisso ao crack. É a mãe, o pai, os irmãos, a namorada que sofrem junto. E é a partir do sofrimento que buscam a recuperação. O medo de outro parente saber, o constrangimento de algum amigo desconfiar e a vergonha de o vizinho avistar também influenciam. “Muitas vezes, os pais fazem o que eu chamo de fuga geográfica. Mandam o filho estudar fora, como se isso resolvesse. Só transfere o problema de lugar”, analisa.

Sinceridade
O certo é que o assunto precisa ser discutido dentro de casa. Não pode virar tabu. Tem de estar na pauta da família, recomenda Ademir Lopes Júnior, médico de família e comunidade e membro da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. É em família que a forma de prevenção deve ser mostrada e, se descoberto o uso, a forma de tratamento também deve ser apresentada. “Sem uma forma culpabilizadora”, completa o médico. E, de acordo com ele, a ajuda profissional deve ser buscada. “Em nenhum momento, vale a família ficar sozinha. Ela deve procurar ajuda de um profissional de saúde com que ela tenha mais segurança”, prescreve.

Nesse caso, podem ser o médico de família, o clínico geral e até o pediatra. Eles podem atuar em uma linha de frente nesse processo e orientar a mãe ou o pai a um tratamento adequado. Ademir Lopes Júnior reconhece que é muito sofrido para a mãe desabafar sobre um problema do tipo, mas pedir ajuda ainda é o caminho mais indicado. E encontrar acolhimento em um profissional de saúde já facilita a ter mais esperanças.

SERVIÇO
O Instituto Volta Vida fica na rua Raquel Florêncio, 201 (Lagoa Redonda). Fones: (85) 3476.1988 e 3476.2192. Site www.institutovoltavida.com.br e e-mail, institutovoltavida@gmail.com

Fonte: Jornal o Povo - Matéria 2/6.

É hora da volta por cima na vida

Ninguém é irrecuperável, prega e pratica o líder do Instituto Volta Vida, Osmar Diógenes. Já são 11 anos oferecendo tratamento a dependentes químicos que querem se recuperar.

São dois padrinhos, também dependentes em recuperação, que recebem o paciente que acaba de chegar. Dão força, oferecem o ombro, até banham quando preciso. Ensaiam o papel de pai. A recepção assim é feita no Instituto Volta Vida, há 11 anos em atuação em Fortaleza. Lá, o tratamento sugerido é de seis meses e não falta o que fazer. Homens e mulheres atuam com jardinagem, limpeza, atividades na água. Não há tempo de ócio.

Os adictos em recuperação ficam divididos em casas, separadas por cores. Mas nunca sós. “Quem está só está mal acompanhado”, Osmar Diógenes reinventa o ditado. Moram no Instituto adolescentes de 15 anos a senhores de 78. Filho de advogado famoso e filho de diarista. A maior parte, homem. Mulheres são a minoria, mas cada uma dá trabalho por, pelo menos, 10 homens, estima Osmar. Pela agressividade da abstinência da droga, pela sexualidade aguçada, pela ousadia típica. Coisa de mulher.

Atuam no Instituto 30 profissionais. Psiquiatras, clínicos, terapeutas, educadores, enfermeiros, psicólogos. Cuidam de pais e filhos. O tratamento com a família é feito com “reuniões de partilha e de estudo”, semanais. Assim como seguem os 12 passos para os adictos, há outros 12 para a família. Boa parte comparece, participa. Mas outra só deixa no Instituto e lava o peito: “Fiz minha parte”. Osmar já ouviu um tanto de vezes essa frase, como se bastasse.

Ele é que, muitas vezes, vira pai, irmão e amigo. “Nenhum caso é irrecuperável, nenhum caso é perdido. Não existe cura, mas existe tratamento, recuperação”. Osmar ensina a nomenclatura adequada, mostra que cada um ali é um adicto em recuperação. Depois que saem de lá, são orientados a frequentar os alcoólicos anônimos ou os narcóticos anônimos. A propósito, foi ele quem fundou o primeiro narcóticos anônimos em Fortaleza. Hoje, são mais de 40.

Na casa, os que estão em recuperação não têm acesso a celular ou computador. Telefonemas, só um por semana, de 10 minutos. Se a mãe e a namorada querem ligar, podem. Cada uma com seus cinco minutos. Visitas, uma vez por semana. Homens e mulheres convivem, mas não dormem no mesmo quarto. Nem pensar em relações sexuais. É expulsão de imediato.

Por lá, já passaram padre, freira, coronel, gerente de banco, professor universitário. Todos com o mesmo problema, a dependência. Alguns, com o mesmo receio. O bancário temia que os colegas descobrissem. Precisou se envolver em um acidente, depois de bebedeira, para assumir que precisava de ajuda.

Osmar se orgulha dos resultados obtidos. Lembra os pacientes que encontra nos shoppings, no calçadão, no supermercado. Todos ‘limpos’. Comunga da felicidade quando a família vai agradecer. Jogo ganho. E se entristece quando sabe das recaídas. Não basta só o tratamento. É preciso uma série de mudanças – de hábitos, de lugares, de companhias. No fim das contas, ele ensina e aprende. Sempre assim, em paralelo. (Daniela Nogueira)

PERFIL

Todo santo dia, o doutor Osmar lembra pelo telefone, ainda no trajeto de casa ao Instituto Volta Vida: “Guarde dois pãezinhos para mim. Os mais crocantes”. São 6h30min e ele espera para tomar café com aqueles que ajuda a cuidar. Os pães são os pacientes que fazem. “Sempre sai gostoso”. A cada semana, um tem a sua vez de padeiro. Aprendem lá mesmo a fazer o pão deles de cada dia. Farmacêutico bioquímico e psicólogo especialista em dependência química, Osmar Diógenes passa a receita: só funciona se for com amor. E é assim que ele lida com a vida e com a morte. A cada ano, são de 12 a 15 velórios. De gente que não quis ser tratada, que se deixou matar. “A gente tem de trabalhar a frustração também”. Mas os mais de três mil casos que ajudou a cuidar confortam. E Osmar ainda se espanta quando conta dos casos. Há uns 20 anos, o problema era a maconha vegetal, pura: “Os pais chegavam dizendo: ‘Hoje, não existe mais a pura. Na maconha, tem uns 30% de crack. Começou o crack há uns oito anos. De três anos para cá, aumentou”. E ele segue, tentando reconstruir mais vidas: “Faço com muito amor e naturalmente. Só funciona assim. Essa transferência tem de ser espontânea”. (DN)

Fonte: Jornal o Povo - Matéria 3/6.

Onde procurar ajuda CAPS

AD > Rua Hildebrando de Melo, 1110 – Barra do Ceará. Telefones: (85) 3101 2592 e 3101 2593

CAPS GERAL NISE DA SILVEIRA > Rua Alves de Lima, 1120 – Colônia. Telefone: (85) 3105 1119

SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO > Av. Dr. Themberge, 1970 – Álvaro Weyne. Telefone: (85) 3101 2590

OCA DE SAÚDE COMUNITÁRIA > Rua Profeta Isaías, 456 – Pirambu. Telefone: (85) 3286 6041 CAPS GERAL > Rua Coronel Alves Teixeira, 1500 – Joaquim Távora. Telefone: (85) 3105 2632

OCA DE SAÚDE COMUNITÁRIA > Rua Contorno Norte, s/nº – São Cristóvão (vizinho à Unidade de Saúde Melo Jaborandi). Telefones: (85) 3488 3501 e 3269 2626 CAPS AD II > Rua Manoel Firmino Sampaio, 311 – Cocó. Telefones: (85) 3105 1625 e 3452 2451

CAPS GERAL III > Rua Francisco Pedro, 1269 – Rodolfo Teófilo. Telefones: (85) 3433 2568 e 3105 3451

CAPS AD III > Rua Frei Marcelino, 1191 – Rodolfo Teófilo. Telefones: (85) 3105 3420 e 3105 3722.

CAPSi III – ESTUDANTE NOGUEIRA JUCÁ > Rua Delmiro de Farias, 1346 – Rodolfo Teófilo. Telefone: (85) 3105 3721

CAPS AD ALTO DA CORUJA > Rua Betel, 1826, Bairro Itaperi. Telefone: (85) 3105 2006

CAPS GERAL IV > Av. Borges de Melo, 201 – Jardim América. Telefones: (85) 3131 1690 e 3494 2765

CAPS SER IV - MARIA ILEUDA VERÇOSA > Rua Tertuliano Sales, 400 – Vila União. Telefone: (85) 3105 1510

CAPS AD > Rua Vigésimo Sexto Batalhão, 292 – Maraponga. Telefone: (85) 3105 1023

CAPS GERAL BOM JARDIM > Rua Bom Jesus, 940 – Bom Jardim. Telefones: (85) 3245 7956 e 3105 2030

OCA DE SAÚDE COMUNITÁRIA > Rua Teodoro de Castro, s/nº – Granja Portugal (vizinho ao Colégio Martins Filho)

CAPS AD CASA DA LIBERDADE > Rua Ministro Abner de Vasconcelos,1500 – Seis Bocas. Telefones: (85) 3105 2966 e 3278 7008

CAPS GERAL > Av. Castelo Branco, 700 – Mesejana. Telefones: (85) 3488 3312 e 3488 3316

Fonte: Jornal o Povo - Matéria 4/6.

A fazenda onde se capina esperança

Na Fazenda da Esperança, o tripé de sustentação é formado por espiritualidade, convivência e trabalho. São nesses princípios que a Fazenda se apoia para ajudar homens e mulheres em dependência. Em Fortaleza, está o local para as mulheres. Os homens são cuidados na unidade de Pacatuba. Em todo o mundo, a psicologia que rege a instituição é na base da enxada. É capinando que homens e mulheres trabalham, suam e se desintoxicam. Ficam ‘limpos’. O tratamento dura um ano. Nos três primeiros meses, não podem receber visitas. O único contato é por carta. Em Fortaleza, a Fazenda fica localizada no Condomínio Espiritual Uirapuru. As mulheres acordam cedo, rezam o terço, leem a Bíblia. Não são obrigadas a participar dos ritos católicos, mas precisam fazer sua oração, manter sua conversa com Deus, pensar em alguma coisa boa, mostra Paula Cortez, missionária que toma conta da casa. A Fazenda tem 62 unidades em todo o mundo. Em todas, o ritual é o mesmo. As mulheres, em Fortaleza, aprendem a respeitar as diferenças, a viver e a conviver. Em cada semana, uma vai para a cozinha. É a responsável por fazer o alimento de todas. A casa vive de doações e dos produtos de artesanato que elas fazem e vendem. O que chega para uma é de todas. Em alguns dias, as voluntárias vão à Ceasa em busca de alimentos. Às vezes, falta carne no almoço.

Mas, quando chega a doação de um bolo de chocolate com cobertura, é festa. A vida lá é assim: é preciso viver com o que tem. Antes de entrar na casa, elas escrevem uma carta atestando que querem ser cuidadas. “Ela precisa escolher ser sadia. A família não pode obrigar a ela se tratar”, ensina Paula. E lá a família também é tratada. Há reuniões que tentam recriar a perspectiva dos familiares. Muitos, de início, não acreditam na recuperação. Mas outros injetam ânimo, até por escrito. Como na carta que uma das mulheres recebeu do irmão, dias após ter entrado na casa. “Você está me ensinando a confiar mais em você”, estampava.

O dia do encontro das mulheres com a família é acontecimento. “A gente chora junto, é emocionante”, conta Paula, para quem a mudança não é só nas mulheres. ”A família começa a se voltar mais para Deus. A recuperação tem um reflexo em casa e a família entra nessa espiritualidade”, enfatiza ela. Alguns não entendem os princípios da casa, mas respeitam. Veem resultados, percebem a melhora e torcem para que os efeitos se mantenham. É quando a fé encontra a esperança. (DN)

Fonte: Jornal o Povo - Matéria 5/6.

Cuidando do cuidador

Nos Centros de Apoio Psicossociais (Caps), o atendimento, por vezes, começa com a família. Quando o dependente não se permite aos cuidados, é a família que toma a iniciativa e começa a fazer parte dos grupos.

Mesmo que o usuário não se permita o tratamento, a família pode começar a frequentar os grupos de apoio. Assim ocorre nos Centros de Apoio Psicossociais (Caps), incluídos nos serviços da rede assistencial de saúde mental de Fortaleza. Os que cuidam de pacientes dependentes são os Caps Álcool e outras Drogas, os Caps AD. Lá, os profissionais também entendem que a família precisa de atenção. Até visitas domiciliares são realizadas para que possam orientar os familiares e explicar o serviço.

Rane Félix, membro da Coordenação da Saúde Mental do Município, insiste que a família nem sempre consegue ajudar o parente que precisa de tratamento. Às vezes, só piora a situação, deixando o outro mais aborrecido. Por isso, a família tem de entender qual a melhor hora de falar e agir. “Independente de o usuário estar ou não em atendimento no Caps, a família pode começar indo. A partir da família, a gente vai tentando chegar ao usuário”, descreve.

Nos Caps, são expostos à família os efeitos de cada droga, os sintomas, como cada uma atua no organismo de quem usa. Como mexe com o todo, não é aconselhável tentar abordar o paciente enquanto ele estiver sob o efeito da substância. Embriagado, por exemplo. Deixa para conversar quando ele estiver bem, sóbrio e consciente.

Médicos, psicólogos, enfermeiros, profissionais com capacitação para lidar com o assunto são encontrados nos Centros. “A família deve participar dos grupos. Lá, os psicólogos vão dar toda a explicação do tipo de tratamento que será utilizado”, indica. Em cada área compreendida pela Secretaria Executiva Regional (SER), há Caps. Pode participar das reuniões qualquer pessoa que tenha a função de família. Um amigo, um vizinho até. Mas quem participa mais são as mães, atesta Rane.

Das drogas que mais têm preocupado as famílias, o álcool segue liderando. Mas o uso do crack tem aumentado, de acordo com a experiência de Rane. “Também há uma quantidade grande de pessoas que fazem multiuso, usam mais de uma droga”, aponta ela. Nos Caps, são atendidas cerca de 3.600 pessoas por mês e cerca de 900 nos Caps Infantil. Um número que só cresce. Ainda bem que existe ajuda. (Daniela Nogueira)

SERVIÇO

A Fazenda da Esperança fica localizada no Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU), na avenida Alberto Craveiro, 2222, no bairro Dias Macedo (próximo ao estádio Castelão). A casa recebe doações de alimentos. Telefone: 3232 9265.

PERFIL

Paula Cortez está há 10 meses na Fazenda da Esperança, no CEU. Nasceu no interior de São Paulo, filha de pais também missionários voluntários da Fazenda. Seus cinco irmãos também atuam nas casas da esperança. Alguns, no Exterior. Ano passado, ela veio das Filipinas, onde trabalhou como voluntária e deixou um noivo, missionário. Ela fica onde for chamada. Vive com as doações que recebe da sua família – de roupas e outros objetos pessoais. Aqui, sai em busca de doações para a casa da qual toma conta. Paula gosta do que faz, por mais que, às vezes, venha a saudade. Longe de casa, longe da família, ela precisa equilibrar seu autocontrole para coordenar as mulheres que lhe pedem guarida. Principalmente quando uma, raivosa porque Paula descobriu que ela fugia à noite para fumar, tentou lhe agredir. Foi mandada embora da casa. Não correspondeu à misericórdia que tiveram com ela, quebrou uma das regras do jogo. Ela sabe que precisa ser forte, a Paula, de 26 anos. Não pode demonstrar fraqueza, não pode se render aos dengos de várias mulheres juntas, aprendeu a decifrar cada manha. Pela experiência mesmo. Sonha em fazer Serviço Social. Quer se aprofundar, estudando, no que aprendeu com a fé. Ao falar das mulheres, em fase de tratamento, Paula fala em “canalizar o amor”, em “amar o outro na diferença”, em demonstrar “o carisma da esperança”, em “olhar novo”. Admite que se sente um pouco mãe de cada uma ali: “Se elas estão com dor, eu sofro junto”. No sentimento inverso, a felicidade é sem tamanho.
Só não maior que a esperança.(DN)

Fonte: Jornal o Povo - Matéria 6/6.

domingo, 25 de julho de 2010

Passo da Semana (25 a 01/08): 3º- ENTREGAR

Senhor, ENTREGO minha vida, minhas dependências, em tuas mãos. Espero em Ti. Aceita-me!
ecle 2, 1-12

Encontro reúne 200 casais da região Nordeste


No ano em que completa quatro décadas, o Encontro de Casais com Cristo realiza sua 15ª edição nordestina em Fortaleza. Duzentos casais reúnem-se desde sexta para edificarem-se na Palavra de Deus e levarem ensinamentos às suas dioceses. Evento termina neste domingo.

Quatrocentas pequenas imagens de Nossa Senhora foram tocadas por gotas de água benta neste sábado. Quem as carregava, era cheio de fé. E tinha consigo uma vontade enorme de aprender mais sobre os ensinamentos de Deus. “A gente cresceu na Igreja”, resumiu a aposentada Maria Torres Gomes.

Ao lado do marido, ela compõe o grupo de 200 casais do XV Encontro de Casais com Cristo (ECC) do Nordeste. O evento acontece desde a última sexta-feira, 23, e encerra neste domingo, no Colégio Christus do bairro Dionísio Torres.

Os dois vieram da Bahia e participam do ECC há 15 anos. O encontro foi criado há exatas quatro décadas, em Pompeia (SP). Desde então, o número de adeptos só aumenta. Para a igreja, é considerado um “serviço-escola”, onde lideranças das paróquias são envolvidas em palestras, mesas-redondas e missas.

Nesses 40 anos, já são mais de 2,6 milhões de participantes em todo o Brasil. “Saindo daqui, eles funcionarão como multiplicadores. Ganham entusiasmo para voltares às bases e empolgarem suas dioceses”, explicou ao O POVO o representante do ECC nacional, bispo Antônio Lino Silva Diniz.

Segundo o religioso, os três dias de encontro marcam três etapas de formação dos casais. No primeiro dia, trata-se do tema “família”. No segundo, descobre-se a igreja. Por fim, discute-se cidadania. Isso mesmo: a fé influenciando na construção de homens e mulheres cidadãos.

No centro de tudo, o desejo de fortalecimento do conceito de união. “Às vezes, a gente tem a sensação de que remamos contra a maré, porque os valores familiares estão se esvaindo. Mas não desistimos deles”, emendou o bispo goiano.

Voluntariado
Mas nem tudo no ECC é só celebração. Enquanto os casais ouvem ao que os padres dizem, muita gente trabalha nos bastidores. São cerca de 800 colaboradores. De cozinheiros a recepcionistas, faxineiros e famílias que cederam suas casas para receberem os vindos dos outros oito estados nordestinos. “Aqui é tudo voluntário das paróquias. O pessoal chega cedinho; às 6 horas. E ninguém cansa. Isso renova a gente”, comenta o coordenador-geral do evento, José Amorim Martins.


Fonte: Jornal o Povo - 25/07/2010

sábado, 24 de julho de 2010

Lançamento do CD Shalom aos Pequeninos é destaque no Halleluya 2010

Na segunda noite do Halleluya, o público é surpreendido com o lançamento do CD “Shalom aos Pequeninos”, pelas crianças do Colégio Shalom



Quem pensa que pelo palco do Halleluya só passa gente grande está enganado. 13 crianças (solo e coro), entre oito e 13 anos, alunos do Colégio Shalom, subiram no palco do Festival para lançar a primeira edição do CD “Shalom aos Pequeninos”. O CD, segundo Fabiana Barbosa, membro da Comunidade Shalom, psicopedagoga e umas das produtoras do álbum, surgiu com a missão de evangelizar as crianças, através de uma linguagem que é própria delas. “Com esse trabalho, nossa intenção é mostrar não só para os pequenos, mas também para os seus pais que os seus filhos precisam escutar um som diferente”, esclareceu ela.


Os pequenos cantores ao subirem no palco do Festival encantaram o público com suas performances e alegria. O Cd contém 10 faixas e traz em suas letras, a pureza de ser uma criança de Jesus. Para Brenda Maria, uma das cantoras mirins, “cantar aqui é muito legal é divertido. É emocionante. Quando canto me sinto dividindo Jesus com as outras crianças”, falou a pequena.
Ainda conforme Fabiana, as crianças vão apresentar o “show aos pequeninos” até o final do ano. Durante toda produção do álbum estiveram envolvidas aproximadamente 10 pessoas, entre missionários da comunidade e familiares dos pequenos artistas.

Fonte: festivalhalleluya.org 24/07/2010

Maconha, o dom de iludir

Semanas atrás, a Folha noticiou a proposta de criar-se uma agência especial para pesquisar os supostos efeitos medicinais da maconha, patrocinada pela Secretaria Nacional Antidrogas do governo federal.

Esse debate nos dias atuais, tal qual ocorreu com o tabaco na década de 60, ilude sobretudo os adolescentes e aqueles que não seguem as evidências científicas sobre danos causados pela maconha no indivíduo e na sociedade.

Na revisão científica feita por Robim Room e colaboradores ("Cannabis Policy", Oxford University, 2010), fica claro que a maconha produz dependência, bronquite crônica, insuficiência respiratória, aumento do risco de doenças cardiovasculares, câncer no sistema respiratório, diminuição da memória, ansiedade e depressão, episódios psicóticos e, por fim, um comprometimento do rendimento acadêmico ou profissional.
Apesar disso, o senso comum é o de que a maconha é "droga leve, natural, que não faz mal".

Pesquisas de opinião no Brasil mostram que a maioria não quer legalizar a droga, mas grupos defensores da legalização fazem do eventual e ainda sem comprovação uso terapêutico de alguns dos componentes da maconha prova de que ela é uma droga segura e abusam de um discurso popular, mas ambivalente e perigoso.
O interesse recente da ciência sobre o uso da maconha para fins terapêuticos deveu-se à descoberta de que no cérebro há um sistema biológico chamado endocanabinoide, onde parte das substâncias presentes na maconha atua.

Um dos medicamentos fruto dessa linha de pesquisa, o Rimonabant, já foi retirado do mercado, devido aos efeitos colaterais. Até hoje há poucos estudos controlados, com amostras pequenas, e resultados que não superam o efeito das substâncias tradicionais, que não causam dependência.

Estados americanos aprovaram leis descriminalizando o uso pessoal de maconha, que é distribuída sem controle de dose e qualidade.
Contradição enorme, pois os médicos são os "controladores do acesso" para uma substância ainda sem comprovação científica. De outro lado, orientam os pacientes sobre os riscos do uso de tabaco. Deve-se relembrar que os estudos versam sobre possíveis efeitos terapêuticos de uma ou outra substância encontrada na maconha, não sobre a maconha fumada.

Os pesquisadores brasileiros interessados no tema devem realizar mais estudos por meio das agências já existentes, principalmente diante do último relatório sobre o consumo de drogas ilícitas feito pelo Escritório para Drogas e Crime das Nações Unidas, que aponta o Brasil como o único país das Américas em que houve aumento de apreensões e consumo da maconha.

E se, no futuro, surgir alguma indicação para o uso medicinal da maconha, o processo de aprovação, que ainda não atingiu os padrões de excelência, deve contextualizar esse cenário, assim como o potencial da maconha de causar dependência.

Espera-se que a política nacional sobre drogas seja redirecionada em caráter de urgência, pois enfrenta-se também aqui o aumento das apreensões e consumo de cocaína e crack, que exige muitos esforços e recursos para sua solução. Que nem pesquisadores nem nossa população se iludam de que exista hoje uma indicação terapêutica para utilizar maconha aprovada pela ciência.

RONALDO RAMOS LARANJEIRA é professor titular de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Instituto Nacional de Políticas sobre Álcool e Drogas (Inpad/CNPQ).

ANA CECILIA PETTA ROSELLI MARQUES, doutora pela Unifesp, é pesquisadora do Inpad/CNPQ.

Fonte: Uol Notícias

Razão para fazer cobranças


Para quem acha que políticos são displicentes quanto à gravidade dos problemas causados pelo consumo de drogas no Brasil, uma notícia: a tendência é que as campanhas deste ano tratem do assunto. Os discursos de Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e postulantes de partidos menores já apontam para abordagens assim, com foco especial no combate ao crack. Até aí, bacana. O que não se pode assegurar - dada a mania que alguns têm, depois de eleitos, de ignorar o que falaram ou pedirem para que esqueçam o que escreveram - é que a retórica se tornará prática. Mas aí o eleitor já tem uma boa pauta para registrar na cadernetinha. E uma boa razão para cobrar compromissos.

Fonte: Jornal Diário do Nordeste - 24/07/2010.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Netinho contagia o público na segunda noite do Halleluya

Durante todo o show, o cantor Netinho, pela primeira vez no palco do Halleluya, não deixou ninguém parado. Em um ritmo contagiante, o público louvou ao som das músicas do CD “Novo Dia”.

Diretamente de Cruzeiro, interior de São Paulo, o cantor Netinho abrilhantou a segunda noite do Halleluya 2010. Depois de lançar trabalho com a banda Ignis, o artista retornou a carreira solo e contagiou o público com as canções do seu segundo CD “Novo Dia”. Pela primeira vez no Festival, Netinho contou que ficou impressionado com o Halleluya, “todas as coisas aqui remetem a Deus. Estou admirado. Já tinha ouvido falar do evento, mas não imaginava que era essa potência. A expectativa de estar aqui é muito grande, não por mim mesmo, mas por aquilo Deus faz em mim. Eu não vim somente dar, mas principalmente receber, pois sei que o Senhor tem algo especial para o meu coração”, revelou.

Ainda conforme Netinho, o CD “Novo Dia” marca um início em sua caminhada. “No meu show eu quis justamente passar para as pessoas aquilo que grita muito forte no meu coração: a experiência da restauração. Depois de passar por um momento sério de tribulação e dor, hoje Deus me deu a graça de viver e cantar um novo dia. Espero que as pessoas tenham entendido a mensagem de que em tudo devemos colher à ressurreição em Jesus”, disse ele.

Durante todo o show, o público louvou, pulou e se alegrou com o ritmo contagiante do cantor. Especialmente para você que acompanha o Halleluya pelo site oficial, o artista deixou um recado: “Meu irmão aonde quer que você esteja, Deus quer ter alcançar e agir na tua vida. Mesmo acompanhando virtualmente, eu creio que o Senhor Jesus está fazendo muito em você, por isso, permita sempre que o amor de Deus chegue a cada dia em sua vida”.

Fonte: www.festivalhalleluya.org 23/07/2010.

Fatores associados ao uso pesado de álcool entre estudantes das capitais brasileiras

O consumo de bebidas alcoólicas durante a infância e a adolescência é um sério problema que desperta grande preocupação no mundo todo. Na fase de transição para a vida adulta, repleto de mudanças físicas, psicológicas e sociais, o sistema nervoso central ainda se encontra em desenvolvimento e é mais suscetível aos danos causados pelo álcool, podendo levar ao comprometimento de várias funções. Sabe-se que uma série de fatores individuais, sociais e econômicos, principalmente a família e colegas, influencia o uso de álcool pelo jovem. Desta maneira, a análise de tais fatores pode auxiliar no desenvolvimento de campanhas preventivas e permitir intervenções sobre estes comportamentos.

No Brasil, um estudo recente avaliou a associação entre o uso pesado de álcool por estudantes e fatores familiares, pessoais e sociais. Este estudo transversal foi realizado com 48.155 estudantes, com idade entre 10 e 18 anos, de escolas públicas de 27 capitais brasileiras, em 2004. Os dados foram coletados por meio de questionário anônimo, de autopreenchimento, adaptado a partir de um instrumento desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde. O questionário continha questões sobre frequência e padrão de uso de álcool e outras drogas, dados sociodemográficos, frequência escolar, prática esportiva, religião e trabalho. Além disso, haviam questões sobre relacionamento familiar e percepção quanto ao controle exercido pelos pais.

Do total de estudantes, 8,9% fizeram uso pesado* de álcool no mês anterior à entrevista, sendo que a maioria tinha mais de 15 anos de idade. Ter trabalho formal foi a característica mais fortemente associada ao uso pesado de álcool por estudantes: aqueles com vínculo empregatício tiveram chance 84% maior de ter feito uso pesado de álcool, comparado aos que não tinham trabalho formal. Além disso, ter uma relação ruim/regular com a mãe ou com o pai aumentou em 61% e 46%, respectivamente, a chance de o adolescente ser usuário pesado de álcool. Da mesma maneira, a percepção de ter um pai liberal também esteve associada ao uso pesado de álcool. No entanto, a percepção de ter uma mãe liberal, assim como a prática de esportes, não apresentou uma associação estatisticamente significante com o consumo pesado de álcool. Em paralelo, ser adepto de uma religião diminuiu em 17% a chance de o estudante ter feito uso pesado de álcool.
Os resultados deste estudo mostram que os fatores associados a uma maior chance de ter feito uso pesado de álcool foram: ter mais de 15 anos de idade, relação ruim ou regular com pai e mãe, perceber o pai como liberal, não ter filiação religiosa e ter trabalho formal. Assim, o estudo sugere que ter ligações familiares mais fortes e seguir uma religião podem auxiliar na prevenção do uso abusivo de álcool entre estudantes.

*O uso pesado de álcool foi definido pelo estudo como o consumo de bebidas alcoólicas por 20 dias ou mais no último mês, ou no mínimo seis episódios de embriaguez no último mês.

Título: Factors associated with heavy alcohol use among students in Brazilian capitals
Autores: Galduróz JC, Sanchez ZM, Opaleye ES, Noto AR, Fonseca AM, Gomes PL, Carlini EA
Fonte: Rev Saude Publica 44:267-273, 2010.
IF: 0.963

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Um golpe contra o Tabagismo

Medida para acabar com o sabor do cigarro será votada em novembro. Se aprovada, estimativa é que metade dos adolescentes pode deixar de experimentar o produto. Droga passará a ser ainda mais forte e desagradável
Uma medida da Organização Mundial de Saúde (OMS) pode evitar que 50% dos jovens brasileiros com até 19 anos deixem de experimentar cigarros. A proposta, que pretende banir dos produtos ingredientes como saborizantes e açúcares, será discutida pela Convenção Quadro para o Controle do Tabaco em novembro, no Uruguai.
Segundo a OMS, esses aditivos aumentariam a atratividade e a toxicidade do cigarro. Sem eles, praticamente todas as marcas teriam o mesmo sabor, mais forte e desagradável.
“A grande maioria das marcas de cigarro adiciona açúcar na composição. O aditivo ameniza o gosto ruim e mascara as substâncias tóxicas”, explica a técnica da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer Cristina Perez.
Segundo a profissional, quando o cigarro é aceso, o açúcar adicionado ao tabaco se transforma em acetaldeído. A substância potencializa os cancerígenos presentes no cigarro e a dependência pela nicotina.
“Uma pesquisa recente revelou que 90% dos fumantes começam a fazer uso de cigarros antes dos 19 anos. A maioria por causa do sabor. Hoje a OMS considera o tabagismo como uma doença pediátrica. Quando falamos em evitar o tabagismo, estamos focando, principalmente, nos adolescentes”, esclarece a profissional.
Perez não acredita, no entanto, que a medida vá fazer com que os dependentes diminuam a quantidade de cigarros consumidos por dia. Segundo ela, serviços para parar de fumar são mais eficazes nesse tipo de controle.
“Precisamos interromper a iniciação ao tabaco. Se as substâncias que amenizam o gosto ruim do cigarro forem retiradas, muitos jovens vão deixar de experimentar. Isso é fundamental”, conclui.

Autor: Clarissa Mello
Fonte: O Dia Online 21/07/2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

Combate às Drogas


O Crescimento populacional do Brasil e, consequentemente, do Estado do Ceará, fez com que as mazelas sociais também aumentassem, diminuindo a qualidade de vida das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos. Os pequenos municípios, apesar de não sofrerem nas mesmas proporções, também passaram a sofrer dos mesmos problemas encontrados antigamente nos grandes centros e, entre esses, o que mais vem causando preocupações junto à população é o número do consumo e venda de drogas ilícitas. A importância do trabalho de prevenção e denúncias do uso de substâncias entorpecentes é fundamental para que a comunidade, como um todo, possa manter-se londe das drogas que geram dependência química. Porém, as campanhas educativas não conseguem por si só acabar com a estrutura criada pelos traficantes, assim sendo, é necessário que a população participe ativamente, mobilizando-se contra traficantes, os quais são um "cancer" e devem ser retirados do convívio social. A Assembléia Legislativa acaba de criar um projeto de lei que cria um serviço com a denominação de "181 NARCODENÚNCIA", que pode criar uma grande rede de combate ao narcotráfico no território cearense, com a participação direta da sociedade em parceria com o Governo do Estado. A população terá um canal aberto para denunciar sem receio de ter sua segurança ou de seus familiares colocadas em risco, pois todas as denúncias são seguras, já que não é registrado o número do telefone de onde está sendo feito o contato, nem tampouco é pedido algum tipo de identificação para quem está fazendo a denúncia. As denúncias podem ser feitas de qualquer telefone, sem nenhum custo para a população, e a segurança é total, assim sendo as pessoas podem fazer as suas denúncias do telefone instalado em sua casa, pois o Governo do Estado garantirá o sigilo de sua ligação e que a privacidade do denunciante em algum momento será exposta. Atualmente no sistema penintenciário, a quase totalidade dos presos tem envolvimento direto ou indireto com o mundo das drogas, quer seja como traficantes, ou como usuários. Nas ocorrêcias policias que são geradas dirariamente em todo o Estado do Ceará, um grande percentual é em decorrência do uso de drogas, pois os delitos são gerados por pessoas que estão sob o efeito de substâncias tóxicas ou praticando crimes com o intuito de conseguir dinheiro para compra e o consumo das mesmas. Outro efeito nefasto das drogas é com relação as meninas, as quais usam o própio corpo, através da prostituição, para conseguir o dinheiro para conseguir as drogas para a suntentação do vício. Os menores considerados infratores, em virtude do cometimentos de Atos Infracionais praticados, em aproximadamente 80% dos casos, tem relacionamento diretos com furtos ou roubos, sendo que o dinheiro obtido é utilizado em sua quase totalidade para a quisição de drogas para seu consumo. O "181 NARCODENÚNCIA" que começou no Paraná em 2003 e hoje é referência em todo o país, foi responsável pela aprensão do equivalente a 1/2 milhão de toneladas de maconha, 4 toneladas de cocaína e 3 milhões e cem mil pedras de crack. Em todo o período de funcionamento do programa são mais de 110 mil denúncias, mais de 22 mil pessoas presas e apreendidas por ligação direta ou indireta com o tráfico de drogas. De acordo com o Coordenador estadual do 181 Narcodenúncia, Tenente Coronel Jorge Costa Filho, praticamente todas as grandes operações realizadas no Paraná têm como origem informações obtidas através do programa. Assim, apelamos para que a sociedade denuncie para podermos combater, efetivamente, esta onda de drogas que assola a nossa sociedade.

Fonte: Diario do Nordeste – 18/07/2010.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Cocaína: de tônico cerebral a destruidora de sociedades

Nomes de rua: Branca, Branquinha, Coca, Gulosa, Neve, Snow

A cocaína é extraída da folha de uma pequena árvore nativa da América do Sul conhecida como coca (Erythroxylum coca). Folhas de coca foram encontradas em antigas câmaras funerárias no Peru, que datam de 2500 A.C. Aparentemente os Incas iniciaram o uso de coca por volta do 10o século. A coca era uma droga sagrada, sendo utilizada primariamente pelos sacerdotes e nobreza em cerimônias especiais. Com o tempo, a prática extendeu-se à população geral, e era utilizada para combater a fatiga provocada pelo ar rarefeito das regiões andinas. A coca era mascada por 45 minutos, associada a uma substância alcalina, e produzia efeitos semelhantes aos da cafeína: nesta forma de utilização (oral), a coca apresentava poucos efeitos colaterais e o efeito terapêutico era reduzido (estimulação). Como espécies selvagens da planta produzem folhas menores, que eram consideradas inferiores em sabor, o cultivo da coca ocorreu desde cedo. A planta era cuidadosamente cultivada e possuía significado religioso central nas sociedades andinas.

Diversos mitos Incas explicavam as origens da coca. Em um deles, a coca era uma linda mulher, executada por adultério, esquartejada e enterrada. De uma parte de seus restos a planta cresceu e floresceu para ser consumida apenas por homens, em sua memória. Em outro, a coca foi criada pelo deus Inti. Inti instruiu a mãe lua, Mama Quilla, a plantar coca nos vales úmidos e ordenou que apenas os descendentes dos deuses poderiam consumí-la. A droga teria sido disponibilizada para aliviar a fome e sede dos Incas, descendentes dos deuses, para que eles lidassem com as demandas terrenas.

Quando os espanhóis conquistaram os Incas, o uso da folha de coca já estava generalizado na população. Inicialmente os espanhóis, especialmente os missionários, aboliram o uso da coca por motivos religiosos: o uso de qualquer substância para ter visões era considerado bruxaria ou idolatria. Entretanto, cedo os conquistadores encontraram vantagens no uso da droga, embora eles mesmos não a utilizassem: sob Pizarro os escravos nativos trabalhavam mais e comiam menos se fossem permitidos mascar a coca. Rações fornecidas pelos conquistadores continham coca, que permitia aos escravos lidar com a miséria diária do trabalho forçado. A coca também se tornou um mercado lucrativo para os colonizadores, que possuíam plantações da droga nos Andes. Em 1569 Filipe II da Espanha declarou que a coca era essencial ao bem estar das índios dos Andes, e ao mesmo tempo urgia os missionários a acabar com o uso idólatra da planta. A igreja católica abandonou suas objeções à droga, já que a taxação sobre a substância tornou-se um rico meio de conseguir dividendos.

Nos séculos 16 e 17 o papel da coca como medicamento para diversos problemas médicos passou a ser reconhecido por médicos espanhóis, que advogavam seu uso para problemas da pele, resfriados, asma, reumatismo, laringites e dores de dentes. Embora a coca tenha sido transportada para a Europa, a substância não foi adotada pelos europeus, provavelmente devido à deterioração das amostras, assim como a aversão ao hábito de mascar as folhas. Apenas em 1750, quando o botânico Joseph de Jussieu em expedição no Peru enviou amostras que a planta passou a ser estudada.

A coca era virtualmente desconhecida na Europa até o século 19. O ingrediente ativo da coca foi identificado e isolado por Albert Niemann, na Alemanha, em 1860, ao qual deu o nome de cocaína. Na mesma época, Paolo Mantegazza, um neurologista italiano, descrevia os efeitos da cocaína em si mesmo, relatando detalhadamente os efeitos subjetivos e fisiológicos:

Algumas das imagens que tentei descrever na primeira parte do meu delírio eram cheias de poesia. Eu olhava com desdém os pobres mortais, condenados a viver neste vale de lágrimas enquanto eu, carregado nos ventos de duas folhas de coca, fui voando aos espaços de 77.438 palavras, cada uma mais esplêndida que a anterior.
Após uma hora eu já estava suficientemente calmo para escrever estas palavras com a mão firme: “Deus é injusto porque ele fez o homem incapaz de manter o efeito da coca por toda a vida. Eu preferia viver 10 anos de coca do que 1000000... (e aqui eu inseri uma linha de zeros) séculos sem coca.”

Freud, entusiasmado por este trabalho, assim como o de Theodor Aschenbradt, um médico militar da Bavária, que em 1883 relatou o uso de cocaína para exaustão e como analgésico, auxiliando soldados doentes à retornar à sua função, iniciou em 1884 experimentos com a droga. Em um artigo entitulado “Uber Coca” (1884) ele descreveu as virtudes da droga, declarando que a cocaína poderia ser utilizada para aumentar a capacidade física durante períodos estressantes, restaurar a capacidade mental reduzida pela fatiga, aliviar a depressão, tratar desordens gástricas, asma, alcoolismo, dependência de morfina e como anestésico local. Apenas este último provou ser a única propriedade médica da droga. Freud também tinha motivações pessoais no seu trabalho com a substância: seu amigo, o pesquisador Ernst von Fleischl-Marxow sofria de dependência de morfina derivada da utilização do medicamento para tratamento de dor crônica. Freud prescreveu a cocaína para tratar a exaustão nervosa derivada de abstinência de morfina de Fleischl. Eventualmente Fleischl passou a consumir uma grama por dia e tornou-se o primeiro toxicodependente europeu de cocaína. Ele apresentou delírios paranóides e referia sensações de pequenos insetos sob sua pele.

Freud, que pensava atingir fama e reputação com base em seu trabalho com a cocaína, viu-se em meio a uma polêmica, apenas três anos depois da publicação de seu trabalho. Erlenmeyer, uma autoridade em toxicodependência, chegou a acusá-lo de ter liberado “o terceiro flagelo da humanidade” (após o álcool e os opióides). Para defender-se, Freud afirmou que a cocaína não causava dependência e que apenas aqueles que anteriormente apresentavam dependência de morfina tornavam-se dependentes de cocaína.

Ao final da década de 1880 ocorreu uma epidemia de cocaína, com a droga sendo injetada pelas classes média e alta. Quase duzentos relatos médicos sobre intoxicação sistêmica por cocaína foram escritos até 1891, treze descrevendo mortes atribuídas à droga. Contrariando o esperado por Freud, um de seus pacientes faleceu de overdose. Robert Louis Stevenson usou a substância enquanto escreveu “O Estranho Caso do Dr. Jekyll e o Senhor Hyde”. Sherlock Holmes, personagem de Arthur Conan Doyle, injetava cocaína quando entediado pela falta de casos desafiadores. Como resultado do interesse do público, a produção de cocaína pela farmacêutica alemã Merck aumentou de 0,4 quilos em 1883 para 83,343 quilos em 1885. Da mesma forma, o preço da substância cesceu dramaticamente.

Enquanto o entusiasmo europeu pela droga era reduzido pelos diversos relatos de efeitos adversos, o interesse nos Estados Unidos permaneceu alto. Em 1887, o médico americano William Hammond recomendou que a cocaína fosse utilizada no tratamento da depressão, afirmando que não existia um “hábito de cocaína” e que qualquer um poderia abandonar o uso assim que desejasse. Em 1884, William Stewart Halsted, um renomado cirurgião norte-americano, publicou o primeiro de seus trabalhos sob a cocaína. Já em 1883 Koller, impressionado pelo trabalho de Freud, descreveu os poderes anestésicos da substância em cirurgias oculares. Halsted, entretanto, desenvolveu o anestésico para “bloqueio nervoso”. Infelizmente, como muitos de seus colegas da época, Halsted e vários de seus assistentes utilizaram a droga para fins experimentais e tornaram-se gravemente dependentes. Halsted passou por diversas hospitalizações e, numa tentativa reversa do que tinha sido preconizado até então, passou a utilizar morfina para “curar” seu vício em cocaína. Halsted faleceu em 1922, ainda dependente de morfina.

Fonte: Psiquiatria e Toxicodependência/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

domingo, 18 de julho de 2010

O equívoco da liberalização da maconha

De tempos em tempos a discussão ganha espaço; A Abead alerta para seus malefícios e implicações

A equivocada convenção social de que existem drogas “leves” representa um grande problema de saúde pública. Medidas restritivas contra o álcool e o tabaco tentam colocar a imagem dessas substâncias em seu devido lugar: como a de verdadeiras drogas, com implicâncias severas na saúde coletiva e consequências em toda a sociedade, como acidentes de trânsito e violência doméstica, para citar apenas estes.

Em situação semelhante encontramos a discussão sobre a liberalização da maconha, que veio à tona nesta semana com a divulgação de posicionamento da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento favorável à liberalização da erva para uso medicinal.

A Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas) alerta para os riscos de uma medida como essa, a começar pelo fato de que a maconha é uma das principais portas de entrada para o consumo de outras drogas, assim como ocorre com o tabaco, principalmente entre os jovens.
De acordo com o presidente da Associação, o psiquiatra Carlos Salgado, argumentos como o de que a maconha poderia ter fim medicinal não justiçam liberalização. “Existem alternativas para o controle de dor ou de apetite, por exemplo, que não implicam no uso da substância ou extrato. Temos várias opções bem estabelecidas, até para pacientes terminais”, comenta.

“Discutir a liberalização da maconha é ir na contramão das políticas essenciais e urgentes para a prevenção do uso de drogas. A maconha não é uma droga benigna. Não está isenta de riscos. Além da dependência, pode causar câncer de cabeça, pescoço e pulmão e uma série de outras complicações”, diz o psiquiatra, com a estimativa de que um em 10 daqueles usuários de maconha tornam-se dependentes em algum momento do seu período de quatro a cinco anos de consumo pesado.

Outra grande preocupação constitui no número cada vez maior de figuras públicas que admitem e defendem o consumo. “Essas pessoas são tidas como modelo, em especial para os jovens, e acabam por reforçar estigmas entre música, fama, arte e o consumo de drogas”, comenta Salgado.

Atualmente a maconha é um grande problema de saúde pública no mundo inteiro, por ser a droga mais consumida entre as ilícitas. Por isso, é importante que não fiquem margens para que pareceres e opiniões sejam interpretados de maneira equivocada, validando o consumo de drogas ilícitas.

As políticas públicas de combate às drogas e tratamento de dependentes, além do envolvimento da sociedade, são fundamentais para avanços. “Concordamos com a distinção entre quem comercializa a droga e o usuário, que necessita de tratamento, mas isso não pode justificar a liberalização. Se esse fosse o caso, teríamos que liberar qualquer substância que o próprio usuário produzisse? É no mínimo preocupante”, finaliza Carlos Salgado.

Efeitos da maconha

Os efeitos da intoxicação aparecem após alguns minutos do uso. Déficits motores, como o prejuízo da capacidade para dirigir automóveis, e cognitivos, como a perda de memória de curto prazo, costumam acompanhar a intoxicação. Além disso, consumo de maconha pode desencadear quadros temporários de natureza ansiosa, tais como reações de pânico, ou sintomas de natureza psicótica.

Complicações crônicas

A dependência é uma das complicações crônicas do uso de maconha, apesar de não atingir a maioria de seus usuários. Os sintomas de abstinência mais relatados são irritabilidade, nervosismo, inquietação, fissura e sintomas depressivos, insônia, redução do apetite e cefaléia. O consumo prolongado e intenso de maconha é capaz de causar prejuízos cognitivos envolvendo vários mecanismos de processos de atenção e memória. O uso em indivíduos predispostos pode desencadear quadros psicóticos similares à esquizofrenia. O consumo de maconha em indivíduos predispostos está associado ao aparecimento de sintomas psicóticos, em alguns casos definitivos. Quanto ao aparelho reprodutor, há redução reversível do número de espermatozóides.

Efeitos psíquicos

* Letargia e sonolência
* Euforia, bem-estar e relaxamento
* Risos imotivados
* Aumento da percepção de cores, sons, texturas e paladar
* Sensação de lentificação do tempo
* Afrouxamentos da associações
* Prejuízo da concentração e memória

Efeitos físicos

* Hiperemia das conjuntivas (olhos avermelhados)
* Aumento dos batimentos cardíacos
* Boca seca
* Retardo e incoordenação motora
* Piora do desempenho para tarefas motoras e intelectuais complexas
* Broncodilatação
* Tosse
* Aumento do apetite (´larica´)

Fonte: SEGS Portal Nacional Seguros & Saúde/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

sábado, 17 de julho de 2010

Pastoral da Sobriedade oferece mais um Curso de Capacitação



“Quem sabe lidar com a vida, não entra nas drogas”

A Coordenação Arquidiocesana da Pastoral da Sobriedade oferece mais um curso de capacitação para quem deseja integrar essa Pastoral e ajudar no trabalho de prevenção e recuperação da dependência química e outras dependências.

O curso acontecerá no Centro de Pastoral, “Maria Mãe da Igreja” dos dias 23 a 26 de agosto de 2010, das 18h30min às 21h30min. A inscrição é de R$ 80,00. Nesse valor está incluído o material a ser usado. Reserve sua vaga pelo telefone (85) 86879628 (Rogério Melo).

A coordenação insiste que é necessário organizar esta pastoral em sua comunidade, em sua paróquia. O mal está bem articulado, é preciso articular melhor ainda o bem. “O que está em jogo é a dignidade da pessoa humana, cuja defesa e promoção nos foram confiadas pelo Criador, tarefa a que estão rigorosa e responsavelmente obrigados os homens e as mulheres em todas as conjunturas da história.” (João Paulo II)

Informações com Rogério pelo telefone (85) 3388 8717.

Fonte: Pascom da Arquidiocese de Fortaleza
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