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segunda-feira, 26 de julho de 2010

A fazenda onde se capina esperança

Na Fazenda da Esperança, o tripé de sustentação é formado por espiritualidade, convivência e trabalho. São nesses princípios que a Fazenda se apoia para ajudar homens e mulheres em dependência. Em Fortaleza, está o local para as mulheres. Os homens são cuidados na unidade de Pacatuba. Em todo o mundo, a psicologia que rege a instituição é na base da enxada. É capinando que homens e mulheres trabalham, suam e se desintoxicam. Ficam ‘limpos’. O tratamento dura um ano. Nos três primeiros meses, não podem receber visitas. O único contato é por carta. Em Fortaleza, a Fazenda fica localizada no Condomínio Espiritual Uirapuru. As mulheres acordam cedo, rezam o terço, leem a Bíblia. Não são obrigadas a participar dos ritos católicos, mas precisam fazer sua oração, manter sua conversa com Deus, pensar em alguma coisa boa, mostra Paula Cortez, missionária que toma conta da casa. A Fazenda tem 62 unidades em todo o mundo. Em todas, o ritual é o mesmo. As mulheres, em Fortaleza, aprendem a respeitar as diferenças, a viver e a conviver. Em cada semana, uma vai para a cozinha. É a responsável por fazer o alimento de todas. A casa vive de doações e dos produtos de artesanato que elas fazem e vendem. O que chega para uma é de todas. Em alguns dias, as voluntárias vão à Ceasa em busca de alimentos. Às vezes, falta carne no almoço.

Mas, quando chega a doação de um bolo de chocolate com cobertura, é festa. A vida lá é assim: é preciso viver com o que tem. Antes de entrar na casa, elas escrevem uma carta atestando que querem ser cuidadas. “Ela precisa escolher ser sadia. A família não pode obrigar a ela se tratar”, ensina Paula. E lá a família também é tratada. Há reuniões que tentam recriar a perspectiva dos familiares. Muitos, de início, não acreditam na recuperação. Mas outros injetam ânimo, até por escrito. Como na carta que uma das mulheres recebeu do irmão, dias após ter entrado na casa. “Você está me ensinando a confiar mais em você”, estampava.

O dia do encontro das mulheres com a família é acontecimento. “A gente chora junto, é emocionante”, conta Paula, para quem a mudança não é só nas mulheres. ”A família começa a se voltar mais para Deus. A recuperação tem um reflexo em casa e a família entra nessa espiritualidade”, enfatiza ela. Alguns não entendem os princípios da casa, mas respeitam. Veem resultados, percebem a melhora e torcem para que os efeitos se mantenham. É quando a fé encontra a esperança. (DN)

Fonte: Jornal o Povo - Matéria 5/6.

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