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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Quando a droga invade a família

É a esperança que move pais, mães, filhos a buscar ajuda ao familiar que se envolveu com álcool ou outro tipo de droga. É a esperança que paga os profissionais que deixam suas casas para tratar do problema dos outros e cuidar dos familiares que sofrem junto. O certo é que é preciso tratar dependente e família, de forma integrada.

É porque se sente impotente que a mãe vai pedir ajuda. Acabaram suas forças de tentar, sozinha, ‘limpar’ o filho. Parte, então, para a busca do socorro de um profissional. É hora de encontrar um tratamento que cure a dependência química. E, junto com esse pedido de socorro, vai toda uma carga de esperança contra a droga, a favor da vida. Mas, para o filho ser cuidado, a família também precisa ser tratada. Quando não, atrapalha todo o processo, constatam os especialistas. Estraga tudo.

É preciso pensar na criação que foi dada. Na hora da descoberta – “meu filho está usando drogas” –, os pais se questionam – “onde foi que eu errei?”. E, em muitos casos, não encontram logo a resposta. Ou não procuram direito. Como o pai que chegou a uma clínica duas semanas atrás, implorando abrigo para o filho. Não sabia onde estava a culpa, não sabia se havia errado. Afinal, sempre se considerou amigo do filho, sempre saía com ele para tomar uma cervejinha, sempre dividiram a mesma mesa no bar. E o pai não sabia como o filho havia se tornado um alcoólatra, ele não sabia se havia errado.

Para Osmar Diógenes, farmacêutico bioquímico e psicólogo especialista em dependência química, essa mania que (principalmente) os homens têm de colecionar garrafas e garrafas de bebidas e montar um bar em casa tem pesada influência para despertar o vício nos filhos. As consequências podem ser mais trágicas do que impressionar o vizinho com a sua coleção de álcool. “Um pai ter um bar dentro de casa? Para quê? Para mostrar aos outros? Isso é brega, é cafona”, reprova. É uma forma de acesso direto ao álcool. É o exemplo que vem de cima, vem do pai.

Osmar calcula que, pelo menos, seis pessoas tenham suas vidas remexidas quando um familiar próximo está na fase da dependência química – seja o alcoólatra de fim de semana, seja o adicto submisso ao crack. É a mãe, o pai, os irmãos, a namorada que sofrem junto. E é a partir do sofrimento que buscam a recuperação. O medo de outro parente saber, o constrangimento de algum amigo desconfiar e a vergonha de o vizinho avistar também influenciam. “Muitas vezes, os pais fazem o que eu chamo de fuga geográfica. Mandam o filho estudar fora, como se isso resolvesse. Só transfere o problema de lugar”, analisa.

Sinceridade
O certo é que o assunto precisa ser discutido dentro de casa. Não pode virar tabu. Tem de estar na pauta da família, recomenda Ademir Lopes Júnior, médico de família e comunidade e membro da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. É em família que a forma de prevenção deve ser mostrada e, se descoberto o uso, a forma de tratamento também deve ser apresentada. “Sem uma forma culpabilizadora”, completa o médico. E, de acordo com ele, a ajuda profissional deve ser buscada. “Em nenhum momento, vale a família ficar sozinha. Ela deve procurar ajuda de um profissional de saúde com que ela tenha mais segurança”, prescreve.

Nesse caso, podem ser o médico de família, o clínico geral e até o pediatra. Eles podem atuar em uma linha de frente nesse processo e orientar a mãe ou o pai a um tratamento adequado. Ademir Lopes Júnior reconhece que é muito sofrido para a mãe desabafar sobre um problema do tipo, mas pedir ajuda ainda é o caminho mais indicado. E encontrar acolhimento em um profissional de saúde já facilita a ter mais esperanças.

SERVIÇO
O Instituto Volta Vida fica na rua Raquel Florêncio, 201 (Lagoa Redonda). Fones: (85) 3476.1988 e 3476.2192. Site www.institutovoltavida.com.br e e-mail, institutovoltavida@gmail.com

Fonte: Jornal o Povo - Matéria 2/6.

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