Por ano, 5,4 milhões de pessoas morrem no mundo. Em Curitiba, a cada dia, em média, três pessoas buscam ajuda para largar o vício.
Há pouco mais de um ano, o laboratório norte-americano Nabi Biopharmaceuticals anunciou o início da terceira fase dos testes clínicos do NicVAX, uma vacina para o tratamento do tabagismo, e a assinatura de um acordo com a gigante mundial de medicamentos GlaxoSmithKline (GSK) para a sua produção e comercialização. A ideia é que no fim de 2011 os testes do medicamento, que começou a ser estudado em 2000, sejam finalizados e enviados para a aprovação do Food and Drug Administration (FDA), a agência de vigilância sanitária dos Estados Unidos. A partir daí, provavelmente no início de 2012 ela será a mais nova arma para barrar os 5,4 milhões de mortes por ano no mundo, 200 mil só no Brasil, e a auxiliar as cerca de mil pessoas que buscam todos os anos ajuda para largar o cigarro nas unidades de saúde de Curitiba.
A ideia do NicVAX é bem fácil de entender e promete ser extremamente eficiente, segundo o professor Luis Suárez Halty, responsável pelo programa de Tratamento do Fumante do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande (RS), e também quem mais tem acompanhado a evolução da vacina pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Ele explica que a vacina é terapêutica, ou seja, deve ser usada para um tratamento e em várias doses (depois da primeira são necessários reforços com intervalos ainda não definidos). A chave do sucesso dela está na ação sobre molécula de nicotina (PM_162,23 Da), que é muito pequena e, por isso, incapaz de produzir uma resposta imunológica.
“Ela passa facilmente pela barreira hematoencefálica e provoca a produção de dopamina, cujo efeito prazeroso é responsável pelo ciclo vicioso do cigarro. A vacina contra o tabagismo seria capaz de romper esse círculo ao se agregar à molécula, tornando-a maior e fazendo com que o corpo produzisse anticorpos específicos contra a nicotina. Essa barreira da chegada da nicotina ao cérebro é a última novidade no tratamento para largar o cigarro e o melhor, também preveniria recaídas mais tarde”.
As diferenças
A grande diferença entre os remédios que ajudam a atenuar a fissura pelo cigarro no tratamento atual, e que são apenas coadjuvantes de uma abordagem comportamental, e a vacina é que os primeiros agem na recepção da nicotina pelo cérebro, enquanto o NicVAX age na raiz do problema, sendo mais eficiente. Pelo padrão da produção de novos medicamentos, ainda haveria uma quarta fase dos testes clínicos antes do envio da vacina ao FDA. Os efeitos prometidos foram comprovados nos testes pré-clínicos (com animais), segundo a GSK, e também nos primeiros clínicos.
Os últimos resultados divulgados antes da parceria do Nabi com a GSK, sobre a segunda fase, feitos em setembro de 2004, deram conta de uma abstinência de 33% naqueles fumantes que receberam a dose do NicVAX e 9% naqueles tratados com placebos. A experiência abrangeu um grupo de 68 fumantes, tratados aleatoriamente com dose verdadeiras e placebos. Na fase 2b, outros 312 fumantes teriam sido testados com duas diferentes quantidades de doses e esquema de utilização. Nesses testes foi constatada uma abstinência de mais de oito semanas após uma dose de NicVAX.
Os testes da fase 3 estão sendo feitos com dois grupos de mil pessoas e devem avaliar o nível de abstinência no período de um ano (julho de 2010 a julho 2011). A dose ideal no ser humano seria uma das perguntas a serem respondidas por esta fase do estudo. Outras duas pesquisas semelhantes ao NicVAX estão em andamento no mundo: o TA-Nic, do laboratório britânico Xenova, e o Nic-QB, do laboratório suíço Cytos Biotechnology. A que está em estágio mais avançado, no entanto, é o do Nabi Biopharmaceuticals.
Mais duas boas razões:
Parei pelas minhas filhas
Eduardo Ramos dos Santos, 29 anos, é microempresário e está sem fumar há um mês. Pode parecer pouco, mas é a primeira vez que ele para com ajuda especializada e acredita que agora é para valer. “Fumo desde os 13 anos de idade. Consegui parar uma vez por 11 meses, mas sem qualquer tratamento. Acredito que desta vez seja diferente”. Os principais motivos para a virada de Santos têm nome: Maria Victória e Angelina, suas filhas de 4 e 1 ano de idade, respectivamente.
Ele conta que antes do tratamento deixava de passar mais tempo com elas para fumar. “Nunca usei o cigarro na frente delas, então descia para a garagem ou ia para outro lugar para fumar. Com isso chegava a inventar desculpas para poder sair de casa e fumar”. Santos diz que aprendeu muito com as histórias que ouviu no grupo de terapia da Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho. “Eram em sua maioria pessoas bem mais velhas que eu, já com dificuldades respiratórias e outros problemas mais sérios. Os próprios médicos me disseram que é difícil ver alguém novo como eu se preocupando com largar o cigarro. Não queria chega nesse estágio.”
Na primeira semana longe do tabaco, Santos até usou os adesivos de reposição de nicotina. “Mas com o tempo foi me dando dor de cabeça, parei de usar e, graças a Deus, também não precisei mais, não senti mais aquela fissura de colocar o cigarro na boca”. Hoje ele conta que está conseguindo contornar os hábitos ligados ao tabagismo. (FZM)
Tratamento de hoje tem 49% de sucesso.
De acordo com a Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer, órgão do Ministério da Saúde, 85.016 brasileiros buscaram ajuda nas unidades municipais de saúde em todo o país para parar de fumar em 2009.
Fonte: Gazeta Maringá
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